Consultas

Edição IX | 03 - Mai . 2005
Equipe SEEDnews-seednews@seednews.inf.br

    Esta seção da revista SEEDnews está sendo coordenada pela equipe da área de sementes da Universidade Federal de Pelotas, objetivando esclarecer as inúmeras dúvidas enviadas pelos seus leitores.

 

    SOJA VERDE

    Tenho observado neste ano que meus lotes de sementes de soja apresentam uma certa quantidade de sementes de coloração verde. Gostaria de saber se devo me preocupar com a qualidade desses lotes.

    Sementes de coloração verde possuem qualidade fisiológica inferior, detectada principalmente pelo baixo potencial de armazenamento e testes de vigor que aplicam estresses à semente. A propósito, a Universidade de Wageningen UR, na Holanda, desenvolveu um equipamento para separar fisicamente estas sementes das outras. Lotes com mais de 10% de sementes de coloração verde deveriam ser descartados como semente.

 


    LOGÍSTICA

    A matéria sobre a logística da produção de sementes que os produtores devem adotar para obter a semente certa, na quantidade certa e distribuí-la adequadamente. Poderiam comentar um pouco sobre a qualificação de pessoal para esse processo como um todo?

    Atualmente, o produtor de sementes não pode mais ser considerado como um agricultor que também produz semente para comercializar. A produção envolve diferentes materiais, que devem ser produzidos praticamente todos ao mesmo tempo em quantidades variáveis, dependendo do mercado definido, com um ano de antecedência, e isso envolve conhecimento agronômico e de comercialização. Outro aspecto é em relação à análise dos dados de produção, beneficiamento, laboratório, distribuição e de mercado, em que as anotações na ponta do lápis não são suficientes, requerendo pessoal qualificado com treinamento específico. Os dados devem ser tomados, analisados e interpretados.

 


    HÍBRIDOS

    Sei que a produção de sementes de arroz híbrido envolve a macho-esterelidade; até aí não tenho dificuldade de entender. Entretanto, não tenho ideia de como se produz a semente de um material macho estéril. Poderiam ajudar-me?

    Muito bem, existe mais de uma maneira de produzir as sementes de arroz de um material macho estéril, porém, a maneira mais simples é utilizar a indução genética pela temperatura e o foto período para obter esse material. Assim, um material pode ser normal em condições de comprimento do dia de 14/10 horas com temperaturas de até 32°C durante a fase reprodutiva, e apresentar-se macho estéril em condições de comprimento do dia de 12/12 horas e temperaturas superiores a 32°C. Assim, a produção de sementes será em condições mais amenas de temperatura e foto período de 14/10.

 


    RENDIMENTO DE ENGENHO

    Estou colhendo arroz com 20-21% de umidade, e após a secagem o material sai com 62 a 66% de grão inteiro. Daí algumas horas, este rendimento começa a cair. Por exemplo, após 4 horas cai até 2% e, 12 horas após estar no silo, este rendimento cai abaixo de 58%. O pessoal encarregado da secagem diz que não sabe o que está acontecendo, eu digo que é choque térmico. Necessito de orientação para solucionar este problema.

    As sementes de arroz fissuram com facilidade quando se apresentam com gradiantes de umidade ou temperatura. Em seu caso, provavelmente, a velocidade de secagem foi superior a dois pontos percentuais por hora, ou as sementes não aguardaram um período de duas horas em um local (caixa do seco) para homogenização da temperatura e umidade na semente. A solução é acompanhar o processo, registrando a velocidade de secagem e se houve repouso da semente após a secagem.

 


    SANIDADE DE SEMENTES

    Um lote de sementes de soja apresentou baixa porcentagem de emergência, mesmo atendendo os padrões exigidos para a comercialização. Avaliando-se a qualidade sanitária, os resultados indicaram a presença de vários fungos, com maiores porcentagens para Cladosporium sp (8,0%), Aspergillus sp. (4,0%), Nigrospora sp. (2,0%) e Fusarium sp. (1,25%). Esses fungos podem ter sido os responsáveis pela baixa emergência?

    A avaliação da qualidade sanitária fornece informações muito úteis para a tomada de decisão quanto à necessidade do tratamento de sementes, bem como quanto a utilização de um lote como semente para fins de semeadura. No presente caso, a baixa emergência não foi ocasionada pelos fungos contidos nas sementes, pois destes, os que mais afetam a qualidade das sementes são o Aspergillus sp. e Fusarium sp.. Pelo fato da incidência desses dois fungos ser muito baixa, seus efeitos sobre a qualidade das sementes também serão pequenos. Portanto, a baixa emergência deve-se a outras causas, possivelmente ao baixo vigor das sementes, a fatores climáticos ou do próprio solo. Caso o problema tenha sido o baixo vigor, o tratamento de sementes não teria efeito.

 

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