Agricultores Ávidos por Tecnologia e Maior Produção

Edição II | 03 - Mai . 1998
Equipe SEEDnews-seednews@seednews.inf.br
   Há muito tempo se conhece a importância dos eventos chamados dias de campo para  propagar tecnologia e divulgar novos produtos e principalmente variedades, e por isso empresas e instituições investem pesado a cada ano em sua organização. Mas provavelmente o ano de 1998 passe a ser no Brasil um marco da maioridade dessa modalidade de evento, depois que uma só empresa, a Monsoy, levou 28 mil agricultores, do Maranhão ao Rio Grande do Sul, a acompanhar explanações sobre suas novas variedades de soja em 40 propriedades de empresas franqueadas. Em um só evento, no Rio Grande do Sul, cerca de 2.500 produtores rurais, muitos viajando em caravanas, em ônibus fretados, deixaram seus nomes na recepção da Fazenda Três Tentos, por exemplo. Ao lado de uma organização montada em uma operação de estratégia quase militar em localização, tempo e fluxo das demonstrações, a Monsoy –que se considera ainda uma pequena empresa, mesmo que ligada à gigante Monsanto- contou, para o sucesso que nem mesmo seu pessoal imaginava fosse tão grande, com a avidez do produtor agrícola brasileiro por novidades.                                    
   Nunca, antes, no dizer de um especialista, se viu os produtores correrem tanto para ouvir explicações e ver amostras de novas variedades de soja. A razão é simples: agora todos sabem que só haverá lucro se as cultivares usadas forem realmente de alta produtividade e se as técnicas de plantio obedecerem à moderna tecnologia. E se lucratividade significa buscar novos padrões, é o que o sojicultor brasileiro demonstrou estar fazendo. Dia de campo, sinônimo em muitos lugares de festa na fazenda, com amigos se reunindo para um churrasco enquanto alguém fazia uma palestra qualquer, deixa de existir depois da demonstração dos agricultores de que querem soluções, e das empresas que se organizaram para satisfazê-los.                                 
   O agrônomo João Luiz Alberini, gerente de pesquisa da Monsoy, explicou que a primeira preocupação foi com a escolha de locais estrategicamente situados, cobrindo áreas de  importância atual ou potencial. Decidiu-se, então, o que e como demonstrar, atentando para as características próprias de cada região e demandas diferentes, como tamanho médio da propriedade, distância, nível tecnológico, concorrência, épocas de plantio e colheita e sistemas de produção. A segunda etapa, mais trabalhosa, envolveu o preparo minucioso das parcelas demonstrativas de campo, material visual e de propaganda, como faixas, banners, livretos, folders, placas, convites, além da estrutura móvel (lonas de circo, barracas, salas vip, cozinha, carros de som e geradores de energia).                              
   Alberini diz que os dias de campo como foram organizados e efetivados, ofereceram aos participantes a oportunidade de conhecer as principais características de novas cultivares de soja, e compará-las com as já existentes, com as últimas recomendações técnicas para sua melhor utilização, e reflexões sobre custo, qualidade e importância da semente, esclarecimentos sobre os objetivos da Monsoy, incluindo os projetos de curto e longo prazo, além de palestras sobre biotecnologia, manejo do plantio direto, bem como sobre integração da agricultura com a pecuária e a importância de micronutrientes, entre outros temas.

      
    Produtores ouvem, atentos, as novidades e examinam cultivares disponíveis.                
 
   Mais importante do que tudo, no entanto, salienta Alberini, foi a oportunidade que a empresa proporcionou ao produtor de passar um dia frente a frente com o pesquisador, dando-lhe a possibilidade de opinar, expor suas dúvidas e expectativas. Aliás, a imensa expectativa do produtor, faminto por novas tecnologias, foi o que se viu nos eventos, o que demonstra a grande mudança que se opera na agricultura brasileira. Os produtores anunciavam, nos próprios locais, decisões de compra imediata de uma determinada cultivar que lhes agradava, demonstraram exigência por altos padrões de sementes e enorme receptividade aos novos sistemas de plantio com baixa densidade.                                     
   Finalmente, viu se claramente sua decepção por não terem visto nas novas variedades transgênicas de soja, ainda em fase de testes no país e não liberadas para demonstração. Além das novas variedades, motivo central da curiosidade geral, a Monsoy mostrou aos agricultores sua estrutura – em diversos eventos falou o próprio presidente, Osmar Bergamaschi – e apresentou suas equipes técnicas e as respectivas empresas franqueadas em cada Estado, além da proposta de trabalho em parceria com os clientes. A ênfase correu por conta da demonstração de que é uma empresa diferenciada por ofertar produtos de qualidade superior aos padrões exigidos pelo mercado atual. Por exemplo, para proporcionar alta pureza varietal os franqueados renovam seu material a cada ano, na qualidade fisiológica o padrão mínimo de germinação e vigor será definido entre o franqueado e a Monsoy; peneiras serão padronizadas em toda a rede de franquia, bem como a sacaria, sempre de 40 quilos, e principalmente a sanidade os campos recebendo inspeção permanente.                                
   Também puderam, os participantes, acompanhar os técnicos em uma visita as cultivares comerciais apresentadas e semeadas em três épocas diferentes, porém lado a lado, para que se destacassem os efeitos, e ouviram explanação sobre temas como população, espaçamento, recomendações de materiais para diferentes níveis de fertilidade, doenças, produtividade, hábitos de crescimento (determinado e indeterminado). Viram, também, os ensaios elites, onde dezenas de novas linhagens de diferentes ciclos se encontram em teste, comparando-as com os materiais padrão disponíveis no mercado.

Culivares Monsoy  
Para os Cerrados:
·        FT-115: para substituir a cultivar FT-Estrela onde ela era cultivada.De ciclo medio, resistente ao oídio e excelente potencial produtivo.
·        FT-2000: de ciclo bastante precoce, facilitando a realização da safrinha de milho, sorgo ou feijão.Para plantios de final de outubro e novembro em solos de boa fertilidade.
·      FT-106: uma das cultivares mais importantes atualmente para a região dos cerrados, sobretudo em baixas latitudes e chapadões. Possue ciclo tardio, porte alto, boa sanidade e possibilita baixo gasto de sementes para a implantação.
·       FT-107: cultivar bastante responsiva em solos de alta fertilidade. De ciclo tardio, porte alto e excelente resistência ao acamamento.
·       FT-108: muito rústica e bastante apropriada para plantio em areas de abertura de cerrados, renovação de pastagens e terras de fertilidade média. Porte bastante alto, com boa capacidade de engalhamento, mesmo em espaçamentos mais largos (48 a 55 cm).
·       FT-109: cultivar de ciclo precoce com excelente estabilidade de rendimento nas mais diferentes regiões e épocas de plantio. Permite realização de safrinha.
·    FT-Cristalina RCH: derivada da FT-Cristalina, a variedade mais conhecida dos agricultores, conserva as características principais da original, agregando a ela resistência ao cancro da haste e capacidade de engalhamento. Além disso, foram demonstrados os seguintes futuros lançamentos para os Cerrados: FT-105, FT-110, FT-111, FT-112, FT-114, FT-51699, FT- 54675 e linhagens resistentes ao nematóide de cisto.
Para a Região Sul:
·       FT-2000: de porte bastante alto, resistente ao acamamento, com boa amplitude de épocas de plantio e alta produtividade.
·       FT-2002: ciclo semiprecoce, ampla adaptação e possibilidade de realização de safrinha de milho, sorgo, feijão, etc.
·       FT-2003: boa sanidade, altamente produtiva, baixa população de plantas.
·       FT-2006: a nova Abyara, agora resistente ao cancro da haste e podridão parda. Mantém as boas características da cultivar original, bastante conhecidas dos agricultores do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul.
·       FT-2008: cultivar bastante precoce e de porte alto, para colheita antecipada e implantação de safrinha. Boa amplitude de épocas de plantio.
·      FT-2010: alta produtividade e ciclo precoce, para plantio de final de outubro e novembro em solos de boa fertilidade. Os futuros lançamentos demonstrados são as FT- 2004, FT-2005, FT-2007, FT-2009, FT-2011 e FT- 2012. Outras cultivares comerciais como FTGuaíra, FT-9 (Inaê), FT- 2001 e FT-Jatobá foram também apresentadas.                              

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