
Semeadura de Precisão
O Desafio para o Século XXI
Edição III | 04 - Jul . 1999 No Brasil, cada vez mais, difunde-se o conceito
e as técnicas de plantio direto. Com a expansão da área utilizada, crescem o
interesse dos usuários e o nível de questionamentos, bem como a necessidade de
produtos de qualidade, de confiabilidade e de eficiência agronômica.
No mercado agrícola, existe uma variada oferta
de tipos e modelos de semeadoras para plantio direto, o que torna difícil a
tomada de decisão por parte do agricultor. Desse modo, os esforços da pesquisa têm
sido canalizados para avaliar, projetar e implementar melhorias nos aspectos relacionados
com o corte da palha, a abertura do sulco e a deposição da semente e fertilizante
no solo.
Nos últimos anos, o Brasil tem produzido cerca
de 80 milhões de toneladas de grãos, destacando-se a soja e o milho. A área
agrícola ocupada anualmente por essas culturas corresponde a 60% da safra de
verão, razão pela qual o processo de semeadura deveria ser realizado dentro de elevados
padrões de precisão, uma vez que a produtividade está associada a esta. As
semeadoras hoje empregadas na semeadura dessas culturas, em sua quase
totalidade, perdem o caráter de precisão em virtude da velocidade de trabalho
em que são usadas (acima de 8 km/h), independente do tipo de mecanismo dosador
de sementes que possuam (rotor acanalado, discos alveolados horizontais, dedos
prensores etc).
Procurando solucionar esse problema, algumas
indústrias nacionais passaram a incorporar em seus modelos comerciais
mecanismos dosadores de sistemas pneumáticos a vácuo.
Plantio de Precisão X Qualidade Total
Ao longo da década de 90, cada vez mais
tem-se divulgado nos meios de comunicação disponíveis o conceito de QUALIDADE
TOTAL. No entanto, o que vemos e ouvimos, aparentemente, vem sempre de uma
mesma fonte - as grandes indústrias automobilísticas, de tratores, de
colhedoras, de máquinas e implementos agrícolas, e outras.
Para estes segmentos, a Qualidade Total é um
conceito definitivo, sem volta. Produzir com qualidade é fator de
sobrevivência, fator de competitividade, fator decisivo para o lucro final.
Este novo conceito na agricultura moderna
leva a acreditar que, cada vez mais, a mecanização agrícola deve corresponder
com uma parcela importante na propriedade agrícola. Assim sendo, o uso correto
dos equipamentos, principalmente as semeadoras, deve levar a rendimentos
técnicos correspondentes, com um custo adequado ao tamanho e forma de
exploração da propriedade.
A lavoura de milho tem duas grandes fases: o
Plantio Perfeito e a Colheita Correta. Também vale lembrar que o milho é uma
das lavouras mais tecnificadas no mundo todo, além da área cultivada e da
grande produção anual (490 milhões de toneladas). Assim, plantar milho com
qualidade total será, sem sombra de dúvidas, um fator de aumento da
produtividade e de lucro para o agricultor.
No grande elenco de semeadoras comerciais
existem três sistemas de distribuição de sementes, com precisão, para a cultura
do milho: Discos Alveolados Horizontais, Dedos Prensores ou Recolhedores e
Sistema Pneumático (vácuo ou pressão).
Sistema Pneumático/semeadoras existentes
Este sistema, embora ainda com pouco uso no
Brasil, representa o último avanço tecnológico em termos de precisão de plantio
de milho. Existem dois modelos bem distintos: sistema por pressão de ar ou por
sucção de ar. Em ambos os casos, a pressão ou sucção é formada por um
turboventilador acionado pela TDP do trator, através de um eixo cardã. Para
cada cultura a ser implantada existem os pratos perfurados correspondentes. As
sementes, por ação da pressão ou do vácuo, aderem aos furos, sendo liberadas
para o tubo condutor em uma abertura onde o efeito do ar é minimizado.
Na escolha de uma semeadora deve-se, antes de
mais nada, atentar para o tamanho da propriedade, ou seja, a relação
custo/benefício entre o tamanho (modelo) da semeadora e a área de milho a ser plantada.
Aqui entra outro ponto muito interessante, que é a capacidade gerencial da
propriedade, pois existem semeadoras para baixa, média e alta tecnologia. O
agricultor precisa começar a entender que alta tecnologia (semeadoras pneumáticas,
por exemplo), exige uma elevada capacidade gerencial, geralmente atrelada à
assistência técnica.
Vamos apresentar o elenco de semeadoras pneumáticas
existentes no Brasil, com algumas características de funcionamento.
Semeadora Pst Activa Pneumatic – Marchesan – Equipada
com distribuidor de sementes a vácuo, de exclusivo sistema de vedação, proporcionando
menor desgaste, maior vida útil e fácil operação. A elevada precisão deste
distribuidor independe do formato e tamanho das sementes, as quais são
aspiradas e liberadas com mínimo risco de dano mecânico, resultando em adequado
stand de plantio. Extremamente simples e preciso, o distribuidor a vácuo efetua
o plantio de milho, soja, feijão, girassol, etc, com a simples troca de discos seletores.
Semeadora Pneumática 5030 – Fankhauser -
Pertence à linha de plantio de precisão da Indústria de Máquinas Agrícolas
Fankhauser. Desenvolvida para plantio de soja, milho, girassol, feijão, etc,
possui reservatórios de fertilizante e de semente confeccionados em
polietileno.
Semeadora Pneumática Solomatic - Baldan – Dotada
de eficiente dosador de sementes pneumático a vácuo, composto de tambor rotativo
com disco conjugado e dois seletores de semente reguláveis, que asseguram
precisão no plantio. Utiliza discos perfurados de aço inox para distribuição de
milho, soja, feijão, girassol e algodão deslintado.
Semeadora Pneumática Exacta - Jumil – Utiliza o
sistema pneumático por aspiração de ar (vácuo) para a seleção e distribuição de
sementes. A caixa de distribuição é equipada com disco inox e um seletor (exclusivo)
que retira o excesso de sementes. O vácuo é regulado em função do peso ou
densidade das sementes.
Semeadora Pneumática Vacumeter - SLC – A SLC
agrega à sua linha de semeadoras da série 800 ou 900 o mecanismo de
distribuição pneumática de sementes – VacuMeter. Mecanismo de fácil manutenção (para
trocar de cultura, troca-se somente o disco distribuidor de sementes e
ajusta-se o vácuo). Planta milho, soja, feijão, algodão, etc.
Semeadora Plant-Ar - Lavrale – Diferencia-se
das demais existentes no mercado, em relação ao sistema de seleção e
distribuição de sementes, bem como seu contato no fundo do sulco.
A seleção da semente, feita dentro da câmara
de distribuição, é pneumática por pressão positiva de ar, através de um jato de
alta vazão de ar, constante e com níveis de pressão relativamente baixos (60
mbar para milho e 40 mbar para soja).
Tradicionalmente, após a seleção da semente, esta
percorre o trajeto até o solo por efeito da gravidade, sofrendo nesse percurso rebotes
e acelerações (em função da velocidade de trabalho, normalmente elevada), que
alteram consideravelmente o ponto de deposição, reduzindo o que se espera de um
plantio de precisão. No sistema Plant-Ar, o transporte pneumático das sementes
é feito através de dutos de pequeno diâmetro, onde as sementes são impulsionadas
por jatos de ar até o sulco de deposição.
Quanto se perde por erros de regulagem
Devemos sempre ter em mente que erros de
regulagem de uma semeadora podem ser fatais, pois jamais podem ser recuperados.
Vamos a um exemplo: Recomenda-se, para uma
determinada lavoura, a densidade de plantio de 50.000 plantas úteis por hectare.
O técnico responsável regula a semeadora para essa razão de distribuição. Na
realidade, quantas sementes de milho deverão ser semeadas para se atingir esta meta?
Muita atenção, pois alguns fatores devem ser levados em consideração no cálculo
da regulagem de plantio. São eles:
·
Poder germinativo da semente: PG = 95 %
·
Emergência: E = 95 % - Sobrevivência das
plântulas: S = 98 %
·
Deslizamento das rodas motrizes: D = 94 %
·
Preenchimento de alvéolos ou dedos: P = 97 %
Assim sendo, a População Desejada de Plantas
é:
PDP = 50.000
0,95 x 0,95 x 0,98 x 0,94 x 0,97
População Desejada = 62.000 sementes por hectare.
Assim, por um erro de regulagem, você vai
perder 12.000 plantas de milho por hectare. Supondo que cada uma destas plantas
produza apenas uma espiga e que cada espiga tenha, em média, 160g, serão perdidos,
por erros de regulagem, 1920 kg/ ha, ou seja: 32 sacos/ha x R$ 10,00/saco = R$
320,00/ha.
Deste modo, em uma lavoura de 100 hectares, a
perda chega a R$ 32.000,00, que equivale ao valor de uma semeadora pneumática
de precisão.