Vigor de Sementes em Compasso de Espera

Edição III | 05 - Set . 1999
James Delouche-JCDelouche@aol.com
    Vigor de sementes é um conceito relativamente antigo, que tem estado na “sala de espera” dos testes de sementes oficiais por mais de 25 anos. A “porta” foi levemente entreaberta por diversas vezes nos últimos cinco anos, mas logo fechada novamente. O vigor de sementes está ainda esperando para ganhar seu lugar ao sol, sua legitimidade!
     Embora a introdução de Testes de Vigor como um capítulo ou seção das Regras para Análise de Sementes da AOSA e da ISTA parecesse ser o passo lógico após a publicação dos manuais de testes de vigor, este passo ainda não foi dado. Como observado na frase de abertura deste ensaio, o vigor da semente está ainda na “sala de espera” dos testes oficiais de sementes. O comércio de sementes tem sido e continua a ser fortemente contrário à inclusão dos testes de vigor nas Regras para Análise de Sementes. A Associação Americana de Comércio de Sementes (ASTA) declarou sua posição logo após a publicação do “Manual para Testes de Vigor das Sementes” da AOSA, a qual contestava que enquanto o vigor era um conceito útil para assegurar a qualidade das sementes, ele não tinha ainda sido completamente validado e os procedimentos para os vários testes não estavam padronizados.
   A AOSA respondeu com a brochura “Entendendo o Teste de Vigor” e um programa rigoroso para refinar e padronizar os procedimentos do teste para alguns dos métodos mais promissores. O teste de Envelhecimento Acelerado (EA) para soja foi refinado e padronizado até o ponto em que os resultados dos testes e de validação em campo constituíram evidência conclusiva de que havia completa padronização e o fornecimento de muitas informações significativas sobre a emergência potencial em campo de lotes de sementes. Os outros testes de vigor foram grandemente melhorados, mas deve-se admitir, não ao nível do teste de Envelhecimento Acelerado. Apesar do trabalho bem sucedido na melhoria desse teste para soja e de sua ampla adoção nos programas de garantia de qualidade por todas as principais empresas de sementes de soja, houve forte oposição a toda tentativa para introduzi-lo nas Regras para Análise de Sementes.

     “O melhor uso dos testes de vigor reside nos programas de garantia de qualidade das empresas de sementes.”

    A oposição foi bem sucedida. O vigor de sementes, portanto, encontra- se ainda em compasso de espera pela entrada para os testes oficiais de sementes. A oposição do comércio de sementes à inclusão de testes de vigor nas Regras para Análise de Sementes não é bem fundamentada em princípio ou prática. A validade científica e a importância do conceito de vigor de sementes são inquestionáveis, e testar o vigor está firmemente incluído nos programas de controle e garantia de qualidade da maioria das empresas de sementes que constituem o “comércio de sementes”. A oposição do comércio, contudo, é inteiramente compreensível. Sua oposição não é aos testes de vigor e a testar o vigor, mas sim aos testes de vigor “oficiais”. Isto não é um jogo de palavras.
     A inclusão dos testes de vigor nas Regras para Análise de Sementes conferiria a eles um status oficial e abriria caminho para a exigência da informação dos resultados dos testes de vigor nos rótulos das sementes, assim como são exigidas a percentagem de germinação e de semente pura. As empresas de sementes sentem que já têm que cumprir com mais exigências de rotulagem do que o necessário, considerando a sofistificação relativa de produtores comerciais e a competitividade da indústria de sementes. O ponto de vista do comércio de sementes é de que as empresas já usam testes de vigor e uma bateria de outros testes para determinar o potencial de mercado dos lotes de sementes por elas produzidos e ainda mantém um inventário. Lotes de baixo vigor são identificados e não entram no mercado. As empresas que se arriscam a comercializar sementes de baixo vigor são ou reformuladas ou eliminadas pela concorrência.
     No início, eu alimentava o forte sentimento de que os produtores tinham o direito de ser informados sobre o vigor dos lotes de sementes que eles estavam comprando, mas logo comecei a considerar e apoiar a posição do comércio de sementes quanto aos testes de vigor. Sou contra testes de vigor “oficiais” e contra a rotulagem compulsória dos lotes de sementes quanto ao vigor. Tenho a convicção de que a aceitação de testes de vigor oficiais e da implementação da rotulagem com o resultado do teste de vigor seriam mais custosos em termos de disponibilidade de sementes, preços de sementes e litígio, do que benéficos em termos de prevenção de fracassos no estande.
     O melhor uso dos testes de vigor reside nos programas de garantia de qualidade das empresas de sementes. Tanto a AOSA como a ISTA têm responsabilidade quanto ao desenvolvimento de testes de vigor sensíveis e confiáveis para uso do comércio de sementes. Importa pouco se estes testes de vigor estão nas Regras ou em um Manual, desde que eles sejam utilizados para impedir que lotes de sementes de baixo vigor entrem no mercado. Apesar do idealismo e das melhores intenções, os testes de vigor continuarão na “sala de espera” dos testes oficiais em um futuro próximo.
 
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