Desempenho da Semente: Anexo
Edição IX | 01 - Jan . 2005 No último número, antes de ser distraído pelo
editorial O Fim da Qualidade da Semente, eu apontei estas questões: São o
desempenho e a qualidade da semente essencialmente o mesmo atributo? Pode o
desempenho de sementes de alta qualidade ser melhorado sem uma mudança
significativa no seu status de qualidade? Então, coloquei vários exemplos de melhoria
do desempenho sem mudança na qualidade. Foi neste ponto que minha atenção foi
distraída desses tópicos sobre desempenho da semente/ qualidade da semente,
para o comentário do editorial. Por tanto, retornarei ao ponto em que estava
por ocasião da distração.
Melhoramento da Qualidade da Semente
Durante o ano que me aposentei (1995), fui
co-autor (com E. Cabrera e B. Keith) de um
boletim sobre Estratégias para melhorar a qualidade fisiológica da
semente. Nós revisamos o que havia de pesquisa em qualidade de sementes Quatro
estratégias para o melhoramento da qualidade
da semente foram identificadas e discutidas: manutenção, melhoria, genética e realce.
A implementação adequada de qualquer uma
ou de combinações dessas estratégias melhora
a qualidade e o desempenho da semente. As estratégias de manutenção e melhoria
envolvem coisas tais como colheita oportuna e cuidadosa, secagem e aeração adequadas,
armazenamento favorável, um rigoroso beneficiamento para remover contaminantes
e sementes defeituosas, incrementar a densidade média da semente e uniformização
do tamanho. Essas estratégias estão sendo total e rigorosamente implementadas
pela maioria das grandes empresas de sementes.
Melhorando o Desempenho da Semente
As estratégias de genética e de realce
podem e têm melhorado a qualidade da semente e seu desempenho, sem efeitos
significativos na qualidade intrínseca da semente. Tem havido consideráveis
trabalhos na melhoria da qualidade da semente através de programas de melhoramento
para tipos de sementes que resistam ao abuso mecânico e a deterioração no
armazenamento, que não somente facilitariam a implementação da estratégia de manutenção
da qualidade, mas também ampliariam significativamente seus limites.
O alcance genético pode e tem produzido tipos
de sementes que se desempenham melhor e
mais consistentemente em termos de germinação e emergência sob estresses de temperatura, umidade e salinidade e impedimento
mecânico. Deve ser dito que é difícil dissociar
tais melhoras em desempenho das melhoras em qualidade fisiológica intrínseca. A estratégia de melhoria da qualidade da semente
pode ser separada em dois componentes: um que melhora a qualidade e desempenho
da semente, e outro que essencialmente melhora o desempenho. O tratamento com
giberelinas para melhorar a emergência das variedades semi-anãs de arroz é um
exemplo do último. Também considero o "priming" mais como um
tratamento de realce do desempenho do que da qualidade. A maioria dos
tratamentos de sementes com fungicidas e inseticidas podem também o desempenho
da semente em termos do estabelecimento do cultivo sem qualquer mudança na
qualidade intrínseca da semente.
“Os avanços na ciência dos polímeros, especialmente os ativados pela temperatura, têm produzido aplicações inovadoras
no revestimento de sementes.”
O revestimento de sementes está entre os tratamentos
mais interessantes e potencialmente benéficos para realçar o desempenho da
semente. Seu uso mais importante tem
sido de longa data, logicamente, o tratamento da semente com fungicidas e inseticidas. Aproximadamente 40 anos
atrás, contudo, vários pesquisadores canadenses
usaram um revestimento de três camadas em sementes de trigo para permitir a semeadura de outono no trigo de primavera.
A ciência dos polímeros não estava na
época tão desenvolvida, logo houve pouco progresso. Durante a década de 1980 e
no início dos anos 90, vários dos meus estudantes (incluindo o editor técnico
da SEED News), demonstraram que revestindo sementes de soja com um material
hidrofóbio tal como óleo de semente de linho mantiveram a germinação das sementes sob condições de déficit ou excesso de
umidade e reduziram o dano por embebição em solos muito úmidos e frios.
Os avanços na ciência dos polímeros,
especialmente os ativados pela temperatura, têm produzido aplicações inovadoras
no revestimento de sementes. Sementes de milho
revestidas com polímeros adequados ativados pela temperatura podem ser semeadas
em solos frios. Isto amplia a janela para a semeadura do milho e reduz a concentração
de trabalho durante períodos críticos na
primavera. Parece-me que há um considerável espaço para o uso do revestimento de sementes para regular
o tempo para a germinação e emergência, não só em climas temperados com
estações frias e quentes, mas também em áreas sub-tropicais e tropicais, que usualmente têm temporadas úmidas
e secas.
Com certeza não estamos no fim da
qualidade de sementes. Aparentemente, mesmo alta germinação e vigor não são os
únicos determinantes do desempenho da semente. Há métodos poderosos para melhorar a qualidade e
desempenho das sementes que podem e devem ser explorados, desenvolvidos e
trabalhados depois de que os procedimentos de produção, manutenção e
beneficiamento estejam esgotados.