Desempenho da Semente: Anexo

Edição IX | 01 - Jan . 2005
James Delouche-JCDelouche@aol.com
   No último número, antes de ser distraído pelo editorial O Fim da Qualidade da Semente, eu apontei estas questões: São o desempenho e a qualidade da semente essencialmente o mesmo atributo? Pode o desempenho de sementes de alta qualidade ser melhorado sem uma mudança significativa no seu status de qualidade? Então, coloquei vários exemplos de melhoria do desempenho sem mudança na qualidade. Foi neste ponto que minha atenção foi distraída desses tópicos sobre desempenho da semente/ qualidade da semente, para o comentário do editorial. Por tanto, retornarei ao ponto em que estava por ocasião da distração.        
          
    Melhoramento da Qualidade da Semente                    
   Durante o ano que me aposentei (1995), fui co-autor (com E. Cabrera e B. Keith) de um  boletim sobre Estratégias para melhorar a qualidade fisiológica da semente. Nós revisamos o que havia de pesquisa em qualidade de sementes Quatro estratégias para o melhoramento da  qualidade da semente foram identificadas e discutidas: manutenção, melhoria, genética e  realce.
    A implementação adequada de qualquer uma ou de combinações dessas estratégias melhora a qualidade e o desempenho da semente. As estratégias de manutenção e melhoria envolvem coisas tais como colheita oportuna e cuidadosa, secagem e aeração adequadas, armazenamento favorável, um rigoroso beneficiamento para remover contaminantes e sementes defeituosas, incrementar a densidade média da semente e uniformização do tamanho. Essas estratégias estão sendo total e rigorosamente implementadas pela maioria das grandes empresas de sementes.
                   
    Melhorando o Desempenho da Semente                 
   As estratégias de genética e de realce podem e têm melhorado a qualidade da semente e seu desempenho, sem efeitos significativos na qualidade intrínseca da semente. Tem havido consideráveis trabalhos na melhoria da qualidade da semente através de programas de melhoramento para tipos de sementes que resistam ao abuso mecânico e a deterioração no armazenamento, que não somente facilitariam a implementação da estratégia de manutenção da qualidade, mas também ampliariam significativamente seus limites.                 
   O alcance genético pode e tem produzido tipos de sementes que se desempenham  melhor e mais consistentemente em termos de germinação e emergência sob estresses  de temperatura, umidade e salinidade e impedimento mecânico. Deve ser dito que é difícil dissociar tais melhoras em desempenho das melhoras em qualidade fisiológica intrínseca. A estratégia de melhoria da qualidade da semente pode ser separada em dois componentes: um que melhora a qualidade e desempenho da semente, e outro que essencialmente melhora o desempenho. O tratamento com giberelinas para melhorar a emergência das variedades semi-anãs de arroz é um exemplo do último. Também considero o "priming" mais como um tratamento de realce do desempenho do que da qualidade. A maioria dos tratamentos de sementes com fungicidas e inseticidas podem também o desempenho da semente em termos do estabelecimento do cultivo sem qualquer mudança na qualidade intrínseca da semente.   
                   
    “Os avanços na ciência dos polímeros, especialmente os ativados pela  temperatura, têm produzido aplicações inovadoras no revestimento de sementes.” 
                      
   O revestimento de sementes está entre os tratamentos mais interessantes e potencialmente benéficos para realçar o desempenho da semente. Seu uso mais importante tem sido de longa data, logicamente, o tratamento da semente com fungicidas e inseticidas. Aproximadamente 40 anos atrás, contudo, vários pesquisadores  canadenses usaram um revestimento de três camadas em sementes de trigo para permitir a semeadura de outono no trigo de primavera.                     
    A ciência dos polímeros não estava na época tão desenvolvida, logo houve pouco progresso. Durante a década de 1980 e no início dos anos 90, vários dos meus estudantes (incluindo o editor técnico da SEED News), demonstraram que revestindo sementes de soja com um material hidrofóbio tal como óleo de semente de linho mantiveram a germinação das sementes sob condições de déficit ou excesso de umidade e reduziram o dano por embebição em solos muito úmidos e frios.                 
   Os avanços na ciência dos polímeros, especialmente os ativados pela temperatura, têm produzido aplicações inovadoras no revestimento de sementes. Sementes de milho  revestidas com polímeros adequados ativados pela temperatura podem ser semeadas em solos frios. Isto amplia a janela para a semeadura do milho e reduz a concentração de trabalho durante períodos críticos na primavera. Parece-me que há um considerável espaço para o uso do revestimento de sementes para regular o tempo para a germinação e emergência, não só em climas temperados com estações frias e quentes, mas também em áreas sub-tropicais  e tropicais, que usualmente têm temporadas úmidas e secas.                 
    Com certeza não estamos no fim da qualidade de sementes. Aparentemente, mesmo alta germinação e vigor não são os únicos determinantes do desempenho da semente. Há métodos poderosos para melhorar a qualidade e desempenho das sementes que podem e devem ser explorados, desenvolvidos e trabalhados depois de que os procedimentos de produção, manutenção e beneficiamento estejam esgotados.   

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