Panamá sediará reuniões para a sustentabilidade futura da produção de arroz na América Latina e no Caribe
A sustentabilidade da produção de arroz, o alimento mais consumido no mundo, continua sendo um grande desafio na América Latina, que vê no horizonte desafios diante das mudanças climáticas, pragas e outros obstáculos no pós-pandemia, bem como oportunidades para que, através do desenvolvimento científico e tecnológico, a região se torne um fator-chave para a segurança alimentar global.
O desafio é enorme, tendo em conta que nesta parte do mundo existem países que são autossuficientes no fornecimento de cereais à sua população, enquanto outros não o são, incluindo o Panamá. Neste contexto, a Cidade do Panamá acolherá duas reuniões em junho de 2024 que contarão com a presença de especialistas latino-americanos e de outras regiões para partilhar experiências e conhecimentos sobre como a investigação e a tecnologia podem abrir caminho para o desenvolvimento sólido do setor.
A XIV Conferência Internacional do Arroz para a América Latina e o Caribe e a Nona Conferência Internacional sobre Pyricularia em Arroz e Trigo serão os cenários que darão oportunidade, entre 10 e 14 de junho de 2024, na Cidade do Panamá, tanto para especialistas como agricultores, estudantes e representantes de outros setores econômicos relevantes, poderão conhecer as tendências na busca por uma produção de arroz mais eficiente.
A realização dos encontros foi anunciada no Panamá no dia 3 de outubro, e em nome da organização desses eventos, pelo agrônomo Eduardo Graterol, diretor executivo do Fundo Latino-Americano para o Arroz Irrigado (FLAR).
Esta será a primeira vez que a Conferência será realizada no Panamá e na América Central, bem como a primeira vez que a Conferência Pyricularia será realizada na América Latina, ambos os eventos serão realizados em paralelo.
As conferências são realizadas a cada quatro anos, mas não acontecem respectivamente desde 2018 e 2019, devido à interrupção das atividades devido à pandemia.
Graterol explicou que FLAR é uma aliança público-privada que reúne mais de 30 organizações de 17 países da América Latina e do Caribe, incluindo o Panamá, e que tem como membro estratégico a Bioversity & CIAT Alliance, ambos centros sediados na cidade colombiana. de Cáli. Através do FLAR, são gerados e disseminados conhecimentos, tecnologias e inovações para um setor do arroz mais eficiente, produtivo, sustentável e rentável nesta parte do mundo.
“Esta é uma grande oportunidade para o Panamá, bem como para produtores, técnicos e pesquisadores de toda a região da América Latina e do Caribe, se reunirem para atualizar conhecimentos sobre a pesquisa do arroz e a pesquisa para combater os danos que ele causa. lavouras”, afirmou o diretor-executivo do FLAR.
A Conferência e o Congresso serão de classe mundial devido ao nível de expositores que terão. Além da FLAR, os organizadores desta Conferência são a Aliança Bioversity & CIAT e a Fundação Panamenha do Arroz (Funparroz), que reúne no Panamá as empresas Conagro Semillas (Grupo Agrosilos), SECOSA (Grupo Calesa) e a Federação do Arroz e Grãos do Panamá (FEDAGPA). Além disso, através do FUNPARROZ participam o IDIAP (Instituto de Inovação Agrícola do Panamá) e a Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade do Panamá.
VALOR E TRABALHO
Graterol explicou que o Panamá é um dos países com maior consumo per capita de arroz da América Latina, aproximadamente 70 quilos por ano por pessoa, e que é um exemplo de como está investindo no desenvolvimento tecnológico neste setor produtivo.
Nesta perspectiva, existe uma oportunidade para o Panamá e a região, não só para a auto-suficiência na produção de arroz, com variedades com maior potencial, mas também para aumentar o volume disponível de alimentos através de melhores práticas agronómicas.
Para Graterol, o tema também é relevante no momento em que está em andamento a redução tarifária gradual para a importação de arroz dos Estados Unidos para o Panamá, por meio do Acordo de Livre Comércio com aquele país, o que torna necessário que haja melhor competitividade de produção local, com qualidade e preço acessíveis aos consumidores.
Ele explicou que a maior parte dessa produção no Panamá é feita em terra firme, ou seja, dependendo da água da chuva, sistema no qual também está demonstrado que, com o apoio técnico do FLAR, é possível aumentar a produtividade, bem como no sistema de irrigação. O programa de agronomia FLAR, trabalhando com produtores de arroz panamenhos, demonstrou aumentos médios no rendimento entre 20% e 30% em campos comerciais, com uma redução de custos entre 10% e 20%, utilizando sementes certificadas, práticas de adaptação sustentável do solo, gestão precisa de fertilização, manejo de ervas daninhas e monitoramento de pragas e doenças, bem como manejo racional da água.
CONFERÊNCIA SOBRE BRUSONE
A Brusone é uma das doenças mais importantes na cultura do arroz, devido à sua agressividade e capacidade evolutiva, o que torna necessário que a planta possua mecanismos de defesa.
María Fernanda Alvarez, líder do Programa de Arroz da Aliança Bioversity & CIAT, explicou que a conferência tem como objetivo atualizar estratégias para gerar resistência ao patógeno, bem como trabalhar para gerar linhagens e variedades resistentes à doença.
Ele destacou a importância de reunir nestas conferências pessoas com maior experiência no manejo de patógenos de universidades e centros de pesquisa de todo o mundo, para troca de conhecimentos. Destacou ainda o interesse que tem na participação dos estudantes que necessitam deste conhecimento para posteriormente ajudar a fortalecer a região neste tipo de trabalhos e estudos, e que as decisões tomadas sejam mais informadas e científicas.
“Um dos mandamentos do Programa de Arroz da Aliança Bioversity & CIAT é trabalhar pela segurança alimentar. (…) Na medida em que houver desenvolvimento do ponto de vista científico e metodológico, e também agronómico, de como está a ser trabalhado o cultivo do arroz, estaremos muito mais próximos desse objetivo de segurança alimentar”, afirmou o especialista, o qual acrescentou que considera fundamental ter estabilidade na produtividade, para o que é fundamental gerar um grande diálogo em torno da Brusone no cultivo do arroz. Além disso, participarão especialistas internacionais na pesquisa da Brusone do trigo, cultura que também é afetada por esse fungo.
Alvarez destacou o objetivo da conferência de divulgar a pesquisa e o desenvolvimento sob todos os pontos de vista relacionados à Brusone, além de gerar redes de cooperação para fortalecer esta pesquisa.