Como sete mil anos de melhoramento genético transformaram as bananas
Cerca de sete mil anos atrás, as bananas não eram as frutas carnudas e sem sementes que conhecemos hoje. A polpa estava cheia de sementes pretas e quase não era comestível. Em vez disso, as pessoas comiam as flores da bananeira ou seus tubérculos subterrâneos. Das fibras do caule em forma de tronco, se faziam cordas e roupas.
Para entender o caminho que a banana percorreu até chegar a nossa mesa, como a conhecemos hoje, foi realizada uma extensa análise genética de mais de 100 espécies selvagens da planta, que revelou a existência de três ancestrais desconhecidos e que podem ainda estar vivos no planeta. A ideia dos pesquisadores é verificar se os genes desses predecessores podem ajudara a manter as plantações de banana saudáveis.
O estudo, divulgado pela revista Science, destacou a espécie Musa acuminata como o ancestral selvagem predominante, encontrado da Índia à Austrália. Mas foi na Papua Nova Guiné que a maioria dos pesquisadores concorda ter ocorrido a domesticação da planta como a conhecemos hoje. Ao longo de seu processo de domesticação e melhoramento, as bananas foram ficando mais doces e carnudas e acabaram perdendo suas sementes. Também percebeu-se que as bananas atuais são frutos da hibridização entre variedades e até mesmo espécies, o que aumenta a complexidade na investigação de sua trajetória.
Com um negócio global de mais de 8 bilhões de dólares anuais, fruto da produção de mais de 100 bilhões de unidades, a indústria da banana é constantemente ameaçada por doenças como o Mal-do-Panamá e a murcha bacteriana. Ao explorar o substrato genético da espécie, podem ser encontradas alternativas para combater tais problemas.
Novos desdobramentos da pesquisa, da qual fez parte o Centro Francês de Pesquisa Agrícola para Desenvolvimento Internacional, de Montpellier (França), agora pretendem visitar locais cujas plantações de banana são ancestrais para encontrar descendentes modernos das plantas originais. Dessa forma, poderão ser usados para cruzar variedades mais resistentes com aquelas comerciais, que sofrem com os ataques.
Subject:Linha Verde
Author:Equipe SEEDnews
Publication date:01/11/2022 12:13:32