Esta seção da revista SEEDnews está sendo coordenada pela equipe da área de sementes da Universidade Federal de Pelotas, objetivando esclarecer as inúmeras dúvidas enviadas pelos leitores. Mande sua dúvida para redacao@seednews.inf.br

    “É sabido que na produção de sementes de alta qualidade e em quantidade necessitamos de um sistema de secagem que possibilite a retirada de água das sementes em mais de um ponto percentual por hora. Gostaria de saber quais são as espécies mais  suscetíveis a essa alta velocidade de secagem?”

    Para obter alta velocidade de secagem utiliza-se alto fluxo de ar e baixa umidade relativa (obtidos com o aquecimento do ar). O fluxo de ar possui a função de transportar a umidade ao redor da semente para fora do ambiente de secagem, enquanto a umidade relativa propicia, através do equilíbrio higroscópico, que a umidade migre do interior das sementes para o ambiente. Neste sentido, pode ocorrer que a migração seja muito rápida, ocasionando fissuras internas na semente, sendo o arroz e o milho dois dos materiais mais suscetíveis. Em relação ao uso de altas temperaturas para baixar a umidade relativa, uma das mais suscetíveis é a soja.

    “Tenho observado que todas as sementes de milho colocadas para venda são classificadas, bem como a grande maioria das sementes de soja. Por favor, poderiam explicar resumidamente qual a função de se classificar as sementes?”

    Observando-se uma espiga de milho, consegue-se identificar sementes de diversos tamanhos e formatos, em que as sementes nas extremidades tendem a ser redondas, enquanto as do centro são chatas, e essas possuem diferente tamanho. Assim, as sementes de milho são classificadas em redondas e chatas, compridas e curtas e em largas e estreitas. Verifica-se a eficiência desta operação em um teste de plantabilidade determinando-se a percentagem de sementes duplas e falhas. O mesmo é realizado para sementes de soja, em que se classifica as sementes com base em sua largura. Assim, a grande função da classificação das sementes é auxiliar o processo de semeadura, que tanto influi na produtividade dos cultivos.

    “Na agricultura, sabemos, desde os tempos de nossos avós, que a semente é o insumo mais importante, devendo sua produção ser assegurada para atender as mais diferentes necessidades. Neste sentido, gostaria que comentassem a importância das leis e a disponibilidade de sementes aos agricultores.”

    Concordamos que a semente é o insumo mais importante, entretanto, com o passar dos anos, muitos outros insumos e aspectos tornaram-se relevantes. As leis de sementes tornaram-se essenciais para disciplinar o comércio tanto doméstico como internacional, propiciando segurança a quem irá investir geralmente grandes somas de recursos para atender a demanda deste tão importante insumo. Temos a percepção de que entre produção de

sementes e leis, a produção de sementes vem primeiro, criando mais tarde a necessidade de adequação legal do comércio de sementes.

    “No teste de germinação de sementes verifica-se que, no livro das regras para condução do teste, há recomendações para superação de dormência para a grande maioria das espécies. Para as sementes das grandes culturas, gostaria de saber em qual delas não há necessidade de se utilizar um processo para superação de dormência?”

    A dormência é um mecanismo de sobrevivência das espécies em que a germinação é distribuída no tempo, para que algumas sempre encontrem condições de germinar e frutificar. Entre as grandes culturas, as sementes de milho não possuem dormência devido ao melhoramento genético realizado pelo homem. Assim, para manter a espécie, o homem intervém, armazenando as sementes em bancos de germoplasma.

    “Ultimamente, estou sendo bombardeado por vários produtores de sementes oferecendo-me sementes de soja de variedades que desconheço, mas que apresentam

características que me agradam. Como posso certificar-me de que os materiais que estão sendo ofertados realmente possuem as características que desejo?”

    O desempenho de uma cultivar é função de sua carga genética e do ambiente em que é produzida. Assim, uma nova cultivar, para ser registrada e comercializada, deve ser testada em três locais por dois períodos agrícolas ou em dois locais por três períodos. Com essa  informação, você poderá informar-se em que locais e como as cultivares foram testadas. Em geral, as cultivares são testadas em vários locais para minimizarem os riscos de uma má informação, bem como para poderem posicionar o material em uma maior área de abrangência. Caso não consiga as informações desejadas, sempre há a possibilidade de participar de dias de campo em que as novas cultivares são mostradas em cultivo.