Esta seção da revista SEEDnews está sendo
coordenada pela equipe da área de sementes da Universidade Federal de Pelotas,
objetivando esclarecer as inúmeras dúvidas enviadas pelos leitores. Mande sua
dúvida para redacao@seednews.inf.br
“Sou engenheiro agrícola e
responsável pela produção de sementes de arroz, e estou com uma dúvida, quanto
ao tamanho dos alvéolos da camisa do cilindro separador. Seria possível obter
uma indicação?”
O cilindro separador remove os materiais do meio do lote de sementes que apresentam diferença de comprimento e, para arroz, normalmente são utilizados alvéolos que variam de 7,5 a 10,0mm, dependendo do tipo. Para os de tipo de arroz longo-fino, sugere-se utilizar o de número 9,0mm para remover os grãos partidos. As sementes normais seguirão o fluxo dentro do cilindro, enquanto os grãos partidos serão levantados pelos alvéolos do cilindro.
“Trabalho
com um empresário rural que está interessado no cultivo de espécies que possam
ser utilizadas para biodiesel. Outro dia trouxe uma brassicaceae (Crambe
byssinica), cujas sementes possuem próximo a 40% de óleo. Neste sentido, fui encarregado
de analisar a possibilidade de produzir sementes e os trâmites necessários para
registro e proteção de cultivares a serem criadas e desenvolvidas. Gostaria de
saber como proceder.”
Em geral, os países possuem um sistema de registro de cultivares para possibilitar a comercialização e outro sistema proteção para possível ressarcimento dos gastos com a criação e desenvolvimento das cultivares. No Brasil, os procedimentos para registro de cultivares são fáceis, entretanto para a proteção, a espécie necessita, entre outros requisitos, ter um elenco de descritores agronômicos para identificar e diferenciar as variedades. No caso desta brassicaceae, os descritores ainda não estão definidos no Brasil.
“Produzimos ao redor de 2000
toneladas de sementes de arroz anualmente e, neste ano de 2007, tivemos
praticamente 20% de lotes reprovados para comercialização, devido à baixa germinação
das sementes (menos de 80%). Gostaria que comentassem as causas para esse
transtorno.”
As sementes de arroz são, normalmente, de
alta qualidade fisiológica, devido principalmente a alguns fatores como a
dormência de pós-colheita, que minimiza o processo de deterioração, e a
colheita, realizada num estádio em que as sementes apresentam umidade entre
20-24%, que também minimiza a deterioração de campo, pois as sementes permanecem
pouco tempo expostas às condições adversas do ambiente. Assim, para a semente
de arroz apresentar baixa qualidade fisiológica, algo fora do normal deve ter
ocorrido e o mais comum refere-se ao processo de secagem - tanto a demora em
começar a secagem ou a secagem muito rápida. Caso o arroz também apresente
baixo rendimento de engenho, o problema provavelmente esteja relacionado com a
alta velocidade de secagem.
“Por favor, gostaria que comentassem
a relação entre vigor de sementes e produtividade, pois tenho encontrado informações
contraditórias a respeito.”
Realmente, muitos são os trabalhos
realizados com o objetivo de determinar o efeito do vigor das sementes na
produtividade e nem todos ratificam a estreita relação entre vigor e
produtividade. Entretanto, todos os trabalhos evidenciam que sementes de alto
vigor propiciam um melhor estande, quer seja em número de plantas por área ou
de massa seca por planta. Neste sentido, também considerando os últimos avanços
da ciência e tecnologia de sementes, em que outros fatores intrínsecos afetam o
seu desempenho e que podem mascarar o efeito do vigor, pode-se afirmar que o
vigor possui uma estreita relação com a produtividade.
“Tenho sido advertido, nos últimos
anos, sobre a necessidade de adotarmos uma agricultura de precisão para
maximizar a produtividade. Com base nessas orientações, adotei vários procedimentos,
mas estou com dificuldades em obter a emergência uniforme de minha soja. Como
posso melhorar esta situação?”
O processo de semeadura evoluiu bastante nos últimos tempos – melhores semeadoras foram colocadas no mercado e processos para uniformizar a distância entre linhas foram adotados. No entanto, a emergência na linha de semeadura muitas vezes não é uniforme, como pode ser constado e cujo efeito na produtividade varia de espécie para espécie. Essa desuniformidade pode ser atribuída ao processo de semeadura, como velocidade da máquina ou de profundidade de semeadura. Porém, muitas vezes, é devida à baixa qualidade das sementes, em que se compensa com uma maior densidade, acarretando a mencionada desuniformidade de emergência que irá afetar o rendimento do cultivo.
“Este ano, ao colhermos nossa semente
de trigo, nenhum lote apresentou problema de germinação na espiga. Isso demonstra
que o problema está resolvido?”
A germinação das sementes de trigo na
espiga permanece como um risco na produção de sementes para muitas regiões em
que a possibilidade de chuva no período da colheita é alta. Entretanto, alguns
programas de pesquisa já conseguiram introduzir a característica de dormência
em variedades elites, minimizando assim o problema de germinação na espiga, que
é problema para semente assim como para o grão de uso industrial.