Consultas

Edição X | 01 - Jan . 2006
Equipe SEEDnews-seednews@seednews.inf.br
    Esta seção da revista SEEDnews está sendo coordenada pela equipe da área de sementes da Universidade Federal de Pelotas, objetivando esclarecer as inúmeras dúvidas enviadas pelos leitores.
 

    Sabemos que o teste de germinação é realizado fornecendo-se às sementes as condições ideais para germinarem, como água, temperatura e luz. Neste sentido, gostaria de saber se é possível obter um resultado de emergência superior ao da germinação?       Em circunstâncias normais, a germinação é sempre igual ou superior a emergência de campo. Entretanto, há situações em que a emergência pode ser superior, como é o caso de sementes de soja atacadas por Phomopsis. Isto ocorre porque o patógeno encontra-se na casca da semente e, ao emergir, deixa a cobertura no solo e com ela o microorganismo, facilitando o desempenho da semente. No teste de germinação em papel, o tegumento não se desprende com facilidade da semente, afetando seu desempenho.



 




    Gostei de ver a tabela do custo de quem compra semente em relação àquele que utiliza seu próprio material para fins de semeadura. Entretanto, não entendi bem a bonificação que um agricultor que adquiriu sementes recebe na hora de vender o seu grão de soja. Poderiam explicar?
    A tabela é para soja transgênica, relacionando custo de produção através do pagamento da taxa tecnológica sobre o evento da soja RR. No Brasil, para o ano agrícola de 2005/06, o custo para quem utiliza sementes é praticamente 1%, enquanto para quem utiliza seu próprio material é 2%. A cobrança da taxa tecnológica, para quem compra sementes, é realizada através do produtor de sementes, enquanto para quem não compra semente o pagamento é feito no momento de vender o grão. Especificamente sobre a bonificação, trata-se de uma quantidade de grão por hectare sobre a qual não incide a taxa tecnológica para o agricultor que comprou semente que no nosso caso é de 69 kg de grão para cada kg de semente comprada.

 


    Tenho experiência com milho híbrido, que realmente produz bem mais do que as variedades, principalmente os indicados para alta tecnologia, mas gostaria de saber qual é o inconveniente em se utilizar mais de uma vez as sementes?
    O principal inconveniente é a redução na produtividade, que pode alcançar mais de 30%, pois diminui a heterose (vigor híbrido) do material. O outro inconveniente é a desuniformidade das plantas, espigas e dos grãos de milho, afetando o produto comercial. Resumindo, poupar na semente é prejuízo na certa. Para ilustrar: as variedades cujas sementes não são produzidas utilizando a técnica de meio-irmãos reduzem sua capacidade produtiva devido a auto-fecundação, o mesmo ocorrendo com híbridos (para eles também há uma taxa de auto-fecundação).

 


    Desejo entrar no negócio de análise de sementes e gostaria de saber o que necessito além de pessoal treinado, área física e equipamentos?
    Os laboratórios para análise de sementes necessitam credenciar-se junto a uma entidade, que pode ser o governo ou uma associação (como é o caso da Ista - International Seed Testing Association). Como mencionado, o credenciamento envolve vários itens, entretanto existe um que merece atenção especial, que é possuir um sistema de qualidade. No Brasil, para o mercado interno, é requerido ter o sistema de qualidade ISO17025, enquanto para o mercado externo a Ista possui seu próprio sistema, que é específico para semente. Este requisito é relativamente recente e veio melhorar o serviço dos laboratórios.

 


    Tenho escutado com certa frequência que uma determinada categoria de sementes não deveria ser vendida ao agricultor. Poderiam comentar a respeito?
    Em geral, as leis de sementes dos países contemplam quatro categorias de sementes dentro do programa de certificação, quais sejam: genética, básica, certificada I e certificada II. A primeira categoria possui pouca semente e, em geral, permanece com o melhorista; a básica é filha da genética e é utilizada para aumentar a quantidade de sementes; a certificada I é normalmente distribuída ao produtor de sementes para esse fazer a multiplicação e obter a certificada II, que é vendida ao agricultor. Realiza-se este processo para se obter quantidade e qualidade de sementes, de forma conjunta. As categorias de sementes genética e básica são muito valiosas e em pouca quantidade para serem vendidas aos agricultores diretamente.

 


    Estou preparando meus secadores para a safra de soja que está chegando, pretendo aumentar a capacidade de secagem de minha unidade e para isso gostaria de saber qual a temperatura máxima do ar que posso utilizar?
    Para seu secador intermitente, com capacidade estática de 25 toneladas, e em que cada volta das sementes é de 40 minutos, é recomendado iniciar a secagem com uma temperatura do ar de 50°C, aumentando depois de uma hora para até 60-65°C. Com essa temperatura do ar, a semente, no final da secagem (12-13% de umidade), deverá estar com menos de 40°C - temperatura que não afeta a semente.

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