Esta seção da revista SEEDnews está sendo coordenada pela equipe da área de  sementes da Universidade Federal de Pelotas. Objetivando esclarecer às inúmeras dúvidas enviadas pelos seus leitores.

    Sei que as sementes necessitam de condições especiais para germinarem, entre elas, está uma adequada umidade do solo. Na última semeadura de soja, constatei que, mesmo com uma umidade relativa de 100%, e apesar de absorver umidade, a semente não desencadeava o processo de germinação. Poderiam explicar o que estava acontecendo?

    Realmente, a umidade é uma das condições essenciais para a semente germinar, e a quantidade varia entre tipos de solo e entre espécies de sementes. Por exemplo, a semente de soja necessita estar com 50% de umidade para desencadear o processo de germinação. Em

seu caso, as sementes de soja devem ter entrado em equilíbrio higroscópico com umidade entre 25 e 30%, portanto muito abaixo do necessário ao processo de germinação. Para as sementes alcançarem a hidratação necessária para germinar, necessitam de água em forma líquida, pois somente com o vapor (a umidade relativa indica a saturação de vapor no ar) não alcançam o nível necessário, isto para todas as espécies.

    A ponta negra em sementes de milho indica maturidade Fisiológica

    Gostei da matéria sobre pesquisa, apresentada na última edição da revista SEEDnews. De fato, a pesquisa requer, além de conhecimentos, criatividade, perseverança, confiança, muito trabalho e, muitas vezes, altos recurso financeiros. Neste sentido, gostaria de saber, resumidamente, qual o trabalho envolvido para conhecer a umidade das sementes de milho no ponto de maturidade fisiológica?

    O ponto de maturidade fisiológica das sementes é o estágio de máximo vigor, viabilidade e peso seco. Para determinar-se este ponto, as espigas de milho são marcadas para estarem no mesmo ponto de maturação no momento da colheita, que começa poucos dias depois que o estigma (barba) muda de cor e se prolonga por um período de dois meses. Assim, várias colheitas são realizadas com três a quatro repetições em cada época, e em cada uma determina-se o vigor, viabilidade, matéria seca e a umidade das sementes. No final,

relaciona-se o grau de umidade das sementes com o ponto de máximas, para poder informar que o ponto de maturidade fisiológica das sementes de milho é quando a umidade está em 35%.

    As sementes híbridas normalmente produzem mais que as variedades e, sendo assim, por que as empresas de sementes não produzem somente este tipo de material? Assim, os agricultores produziriam mais em menor área e se minimizaria o problema de

pirataria.

    Os híbridos bem desenvolvidos e adaptados produzem mais e possuem uma proteção natural para a pirataria. Entretanto, em algumas espécies o custo para se obter um híbrido é tão alto que não compensa sua produção. Em milho, o processo envolve a castração, em que as partes feminina e masculina estão em diferentes pontos na planta, sendo relativamente fácil o trabalho. Já para outras espécies, como arroz, a castração se torna inviável, requerendo que uma das partes seja macho estéril, cujo mecanismo é bastante complexo, dependendo das condições ambientais para manifestação. Em algumas hortaliças, o híbrido é obtido por castração manual, onerando bastante o processo, entretanto as sementes são vendidas por unidade, podendo alcançar até US$0,50/unidade.

    Estou no negócio de sementes de forrageiras e gostaria de oferecer aos meus clientes um produto de qualidade superior. Com este objetivo, estou planejando recobrir as sementes e colocá-las em uma embalagem plástica. Gostaria que comentassem a respeito.

    Oferecer sementes de alta qualidade é uma estratégia para obter novos clientes e satisfazer os já conquistados. O recobrimento (coating) com protetores, nutrientes e facilitadores para semeadura é uma excelente idéia. Há empresas de coating especializadas no processo e com bons produtos. Em relação à embalagem de plástico, deve-se ter o cuidado com a umidade das sementes. Para armazenamento de até seis meses, a umidade das sementes deve estar inferior a 12%, enquanto para um ano deve ser inferior a 11%.

    Sou responsável técnico de uma empresa que comercializa anualmente ao redor de 6 000t de sementes de soja. Este ano tivemos uma incidência muito grande da ferrugem asiática em nossos campos de produção, baixando muito o rendimento. Gostaria de saber se a qualidade da semente de soja será afetada pelo ataque desta doença.

    Neste ano agrícola de 2003/04, a produção de sementes de soja foi afetada ou pela seca na região sul ou pelas chuvas em outras regiões, favorecendo a doença. O ataque da ferrugem asiática diminui a produção, por afetar o processo de enchimento da semente e, em

casos mais graves, por matar a planta. Esta se protege para perpetuar sua espécie e, caso haja problemas, algumas sementes terão uma maturação normal e outras em estágio inicial serão sacrificadas. Assim, os lotes de sementes provenientes de campos atacados pela ferrugem apresentarão mais sementes imaturas, que são fáceis de separar no  acondicionamento. A doença não se transmite por semente.