O Brasil se prepara para dar sinal verde ao primeiro eucalipto editado geneticamente no mundo

O Brasil se prepara para dar sinal verde ao primeiro eucalipto editado geneticamente no mundo

   A FuturaGene, subsidiária de biotecnologia da Suzano, maior fornecedora mundial de celulose, entrou com o primeiro pedido regulatório do mundo no Brasil para uma árvore geneticamente editada, que foi criada para fornecer madeira mais fácil de processar industrialmente, promovendo uma produção de celulose mais eficiente e sustentável por meio da redução da necessidade de insumos químicos e energéticos. Se aprovado, esse avanço na produção de madeira e celulose terá implicações diretas para países com florestas como o Chile.

   A FuturaGene, empresa de biotecnologia florestal brasileiro-israelense pertencente ao grupo Suzano S.A., anunciou a submissão do primeiro pedido regulatório do mundo para um eucalipto geneticamente editado à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). O pedido, previsto para outubro de 2025, representa um novo capítulo na história da biotecnologia aplicada ao setor florestal.

Uma inovação baseada na edição genética

   O desenvolvimento baseia-se no uso de ferramentas de edição genética de precisão, especificamente CRISPR-Cas9, que permitem modificações específicas no genoma da árvore sem a introdução de DNA de outras espécies. De acordo com o comunicado oficial da FuturaGene, o novo desenvolvimento envolve a edição de um único gene, uma alteração que também poderia ter ocorrido por meio do melhoramento genético convencional ou natural.

   O pedido foi submetido nos termos da Resolução Normativa nº 16 da CTNBio, que estabelece as condições sob as quais uma planta desenvolvida por meio de Novas Técnicas de Melhoramento Vegetal (NBTs) pode ser isenta da regulamentação aplicada a organismos geneticamente modificados (OGMs ou transgênicos), desde que não contenha material genético estranho.

   De acordo com a empresa, este novo eucalipto foi projetado para otimizar as propriedades da madeira e facilitar o processamento industrial, reduzindo o consumo de energia e o uso de produtos químicos na produção de celulose, reduzindo assim, espera-se, o impacto ambiental do processo.

   “Este é um momento histórico para a silvicultura e a produção de celulose”, afirmou o CEO da FuturaGene, Dr. Stanley Hirsch. “Na FuturaGene, nossa missão é alavancar, de forma responsável, a ciência de ponta para ajudar a enfrentar as mudanças climáticas e seus impactos e atender à crescente demanda global por produtos de base biológica, protegendo, ao mesmo tempo, a natureza.”

   “Queremos garantir que cada nova geração de eucalipto impulsione a sustentabilidade e a eficiência no uso da terra e dos recursos. Este eucalipto, pioneiro mundial em edição genética, complementa nossa base de conhecimento e portfólio de tecnologia. Ao adotar todas as ferramentas biotecnológicas disponíveis, incluindo modificação e edição genética, estamos criando árvores melhores que, por sua vez, impulsionarão uma indústria melhor.”

   A submissão à CTNBio busca determinar se este eucalipto editado pode ser considerado equivalente a uma planta convencional, o que permitiria sua exclusão dos procedimentos regulatórios exigidos para OGMs tradicionais. Se aprovado, seria a primeira vez que uma espécie florestal geneticamente editada obteria essa classificação.

Líder global em biotecnologia florestal

   A FuturaGene se consolidou como uma das empresas pioneiras na aplicação da biotecnologia ao melhoramento de espécies florestais. Fundada originalmente em Israel e adquirida pela Suzano, uma das maiores produtoras mundiais de celulose de eucalipto, a empresa concentra seu trabalho no aumento da produtividade, sustentabilidade e resiliência de florestas plantadas, especialmente em regiões tropicais e subtropicais.

   Seu histórico regulatório em biotecnologia é extenso. Em 2015, a FuturaGene obteve a primeira aprovação comercial do mundo para um eucalipto geneticamente modificado no Brasil. O processo, autorizado pela CTNBio, incorporou um gene que aumentou a produtividade da madeira sem comprometer a estabilidade da árvore. Desde então, a empresa continuou a acumular avanços científicos e regulatórios.

   Em 2024, a FuturaGene e a Suzano alcançaram um novo marco com a autorização do primeiro eucalipto "triplamente transgênico" da história, desenvolvido para combinar três características vantajosas: aumento da produtividade, tolerância a herbicidas e resistência a pragas. Esse projeto foi resultado de mais de uma década de testes de campo em diferentes regiões do Brasil, iniciados em 2007, e demonstrou a possibilidade de integrar múltiplas características biotecnológicas em uma única árvore.

   De acordo com registros públicos, a empresa possui atualmente onze aprovações da CTNBio para diferentes espécies de eucalipto geneticamente modificado (OGM), posicionando-a como líder mundial no uso de biotecnologia de ponta aplicada a essa espécie.

O contexto brasileiro e o caminho regulatório

   O Brasil é atualmente um dos países líderes na região em termos de marco regulatório e P&D local em espécies vegetais geneticamente modificadas. Desde 2018, a CTNBio aplica um marco regulatório que diferencia entre OGMs (aqueles com DNA estranho) e organismos editados por meio de mutações precisas, sem a inserção de genes estranhos no produto final.

   Graças a essa distinção, variedades de soja, milho e cana-de-açúcar aprimoradas por meio de técnicas de edição genética já foram liberadas comercialmente no país, ficando fora do processo regulatório aplicável a culturas transgênicas. Mesmo no nível animal, espécies de tilápia de rápido crescimento desenvolvidas com CRISPR já começaram a ser introduzidas no mercado, ficando fora da regulamentação aplicável a OGMs. Outros projetos ainda em fase de P&D poderão ser adicionados nos próximos anos, incluindo, por exemplo, feijões com melhor tolerância pós-colheita e à seca desenvolvidos pela EMBRAPA, bem como frutas cítricas resistentes a vírus no setor privado.

   O caso FuturaGene estabelece um precedente sem precedentes: pela primeira vez, uma espécie florestal pôde ser oficialmente reconhecida como geneticamente editada e não transgênica, sob critérios regulatórios modernos. Isso pode influenciar futuras discussões regulatórias em outros países com indústrias florestais significativas, incluindo Canadá, China, Estados Unidos, Chile e Austrália.

   De acordo com a empresa florestal, a adoção de árvores geneticamente melhoradas com biotecnologia permite o aumento da produção de biomassa sem expandir a fronteira agrícola, reduzindo a pressão sobre os ecossistemas nativos. Além disso, a maior eficiência industrial do processamento de celulose contribui para a redução das emissões de carbono e para a maior competitividade do setor florestal brasileiro.

*Esta notícia foi escrita pela ChieBio, e pode ser acessada em seu idioma original através de: https://chilebio.cl/2025/10/20/brasil-se-prepara-para-dar-luz-verde-al-primer-eucalipto-editado-geneticamente-del-mundo/

Subject:Biotecnologia

Author:ChileBio

Publication date:24/10/2025 13:07:05

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