Pesquisadores da EMBRAPA visitam o CIMMYT para firmar parceria inovadora
O CIMMYT recebeu uma delegação de alto nível da EMBRAPA, liderada pela Dra. Silvia Maria Fonseca Silveira Massruha, Presidente da empresa brasileira, juntamente com representantes da Embaixada do Brasil no México.
A visita de alto nível reuniu duas das instituições de pesquisa agrícola mais respeitadas do mundo, com a Embrapa do Brasil, a maior organização de pesquisa agrícola da América Latina, unindo forças com a expertise mundialmente reconhecida do CIMMYT em trigo, milho e sistemas agroalimentares de sequeiro. As instituições estão finalizando um Memorando de Entendimento abrangente que formalizará esta parceria inovadora, com implicações para a pesquisa agrícola na América Latina e no Sul Global.
O programa começou com uma sessão de boas-vindas e apresentação de AJ Poncin, Diretor de Transformação, e Diego Pequeno, Modelador de Culturas de Trigo e Coordenador de Relações com o Brasil, que destacaram o impacto global do CIMMYT, suas contribuições para a segurança alimentar e suas prioridades de pesquisa. As discussões destacaram áreas de interesse comum, como: AgTech e Inovação Digital, Agricultura de Baixo Carbono e Regenerativa, Bioinsumos e Práticas Agrícolas Sustentáveis, Agricultura Familiar e Mecanização, Adaptação às Mudanças Climáticas, Intercâmbio de Germoplasma e Dietas Sustentáveis e Saudáveis. Ambas as instituições discutiram oportunidades para projetos conjuntos de pesquisa, intercâmbios científicos, workshops, seminários, transferência de tecnologia e iniciativas de capacitação.
O diálogo também enfatizou o sucesso da agricultura brasileira, construída com base na combinação de ciência e tecnologia, capacitação, políticas públicas eficazes e inovação. Hoje, o Brasil produz entre 9 e 11 milhões de toneladas de trigo por ano, enquanto o consumo chega a 13 milhões de toneladas, destacando a necessidade de aumento de produtividade e resiliência. Noventa e dois por cento da produção de trigo concentra-se na região Sul, enquanto os sistemas tropicais já contribuem com 8% da produção nacional e quase metade do consumo total. Além disso, 77% dos estabelecimentos agrícolas são de agricultura familiar, com alta adoção de práticas sustentáveis: controle biológico (55%), plantio direto (83%) e sistemas integrados de produção (29%).
A distinta delegação brasileira recebeu um tour pelos bastidores das instalações de ponta do CIMMYT, incluindo: O renomado Museu do CIMMYT – exibindo décadas de avanços agrícolas, laboratórios avançados de triagem de doenças do trigo – protegendo plantações globais de doenças devastadoras, a plataforma de fenotipagem FHB de última geração – tecnologia pioneira em proteção de plantações, viveiros internacionais de trigo – salvaguardando a diversidade genética para gerações futuras e demonstrações do Sistema Agroalimentar Sustentável – metodologias inovadoras de pesquisa focadas no agricultor.
FOTO: Delegação da Embrapa e representantes do CIMMYT dentro do banco de germoplasma, que salvaguarda uma das coleções mais importantes do mundo de sementes de milho e trigo para a segurança alimentar futura. (Jenifer Morales/CIMMYT)
Este contexto compartilhado oferece um potencial significativo para colaboração em melhoramento do trigo, intensificação sustentável e sistemas agroalimentares resilientes. Nesse sentido, o CIMMYT destacou suas iniciativas de ação climática, que incluem o desenvolvimento de estruturas para mensurar as emissões em sistemas agroalimentares, a identificação de práticas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e a implementação de soluções agrícolas climaticamente inteligentes. Juntamente com o progresso do Brasil, essas áreas criam oportunidades valiosas de cooperação que podem apoiar as prioridades regionais e contribuir para as discussões globais sobre sustentabilidade, incluindo aquelas que serão abordadas na COP30 em Belém, Brasil.
Em seu discurso, Silvia Massruhá, presidente da Embrapa, destacou que a experiência brasileira demonstra como a ciência e as políticas públicas transformaram a agricultura tropical e que esse conhecimento deve agora ser compartilhado por meio da cooperação internacional. Da mesma forma, Flavio Breseghello, Diretor do Programa Global de Trigo do CIMMYT, destacou que este diálogo abre um novo capítulo para identificar colaborações e desenvolver iniciativas conjuntas que abordem os desafios compartilhados da região. Breseghello destacou a necessidade de transferir germoplasma para o Brasil e implementar uma plataforma de fenotipagem na região do Cerrado, permitindo que ambas as instituições realizem uma triagem abrangente da resistência à brusone do trigo em condições tropicais naturais. Além disso, Massruhá apresentou a experiência do ZARC (Zoneamento de Risco Agroclimático) no Brasil e seu potencial de adaptação a outras regiões do Sul Global por cientistas de modelagem de culturas do CIMMYT e parceiros como uma linha promissora de colaboração.
A reunião reuniu representantes de diversas áreas de ambas as instituições. Da Embrapa, os participantes incluíram Silvia Massruhá, Presidente; Sibelle de Andrade Silva, Assessora da Presidência; e Giovani Stefani Fae, Diretor de Transferência de Tecnologia da Embrapa Trigo. A Embaixada do Brasil no México, representada por Adriane Cruvinel e Leonardo Wester, destacou o caráter estratégico deste engajamento, concebido também como uma ponte diplomática para fortalecer as relações bilaterais no setor agrícola.
Com essa visão compartilhada, a experiência científica combinada do CIMMYT e da Embrapa abre novos horizontes para um impacto global. As prioridades identificadas incluem o desenvolvimento de projetos para combater a brusone na região, a expansão de programas de treinamento e intercâmbio de conhecimento em melhoramento do trigo e práticas sustentáveis, e o aproveitamento da expertise do CIMMYT em modelos de compra responsável e inovação territorial para beneficiar comunidades agrícolas. Este diálogo visa fortalecer cadeias de valor mais inclusivas e resilientes na América Latina, contribuindo, ao mesmo tempo, para os objetivos globais de segurança alimentar e sustentabilidade.